terça-feira, 23 de outubro de 2012

COMO ATAR O NÓ DE CINTURÃO


HAKAMA

HAKAMA

O hakama é, tradicionalmente, uma peça de vestuário do samurai. 
Antes de avançarmos convirá esclarecer que o comumente designado kimono, ou dogi, utilizado pelos praticantes de artes marciais como o judo, karate, aikido, etc. era tradicionalmente considerado, no Japão, roupa interior.
Regressemos ao hakama. Os cavaleiros samurais usavam essa peça de vestuário, feita de tecidos grossos, para protegerem as pernas do contacto com os arbustos durante as cavalgadas e as cargas.
Quando os samurais deixaram de ser uma força a cavalo e passaram a lutar a pé continuaram a usar o hakama como símbolo de classe social e de estatuto.
Na prática do aikido o uso do hakama pelos seus praticantes varia de escola para escola. Em muitas delas o uso do hakama só é permito quando o praticante atinge 1º dan, ou shodan (o 1º grau de cinto negro), noutras o uso do hakama é permito a partir do 3º ou 2º kyu, cinto verde ou azul, respectivamente.
No caso das senhoras, há muitas escolas, mesmo naquelas em que os homens só podem utilizar hakama a partir de uma dada graduação, onde lhes é permitido o uso de hakamas desde o início da prática - alegadamente para dissimular a sua feminilidade.
O criador do aikido, O Sensei (1) Morihei Ueshiba, afirmou enfaticamente que todos os praticantes deveriam usar hakama - embora convenha referir que na sua época o uso de tal peça de vestuário fazia parte da norma.
Foram, porém, as circunstâncias económico-financeiras do Japão, na época em que a prática do aikido se expandiu – no período pós-II Guerra –, que acabaram por determinar e influenciar o uso, se bem com algumas restrições, do hakama entre os seus praticantes.
Sendo um período de enormes carências e dificuldades financeiras entre a população japonesa, muitos bens eram extremamente difíceis de adquirir, entre os quais os tecidos e as roupas. Muitos dos praticantes de aikido pertenciam às classes baixas, não tendo, por isso, condições económicas para adquirir um hakama. Não raro esses praticantes utilizavam um hakama de um seu parente; ou feito de tecidos fracos; ou mesmo com tecidos de cortinados. Com a prática do aikido esses hakamas rapidamente acabavam, após sucessivos remendos, por se desfazerem no dojo (2).
Por forma a contornar essa situação embaraçosa para os praticantes, optou-se por retardar a obrigatoriedade do uso dos hakamas. Assim, em muitas escolas acabou por se impor a obrigatoriedade do hakama só quando os praticantes atingissem o grau de shodan (1º dan), não que se quisesse tornar essa peça de vestuário um símbolo de saber, de conhecimento, antes uma forma de retardar o mais possível uma despesa ao praticante.
Nas escolas de aikido yoshinkan, criado pelo Sensei Gozo Shioda, também ele um ex-aluno de O Sensei, só o professor e eventualmente os mais altos graduados cintos negros utilizam hakama.
Contudo, no dojo de O Sensei a todos os praticantes, independentemente do seu grau de conhecimento, era exigido o uso do hakama. Não havendo um tipo defenido de hakama para a prática do aikido, as aulas eram de um colorido dificilmente imaginado nos nossos dias, com hakamas de todas as cores, de todos os feitios e de todas as qualidades de tecidos.
Conta-nos Sensei Saotome que quando era uchi deshi (3) de O Sensei, um dia esqueceu-se do hakama. Preparava-se para entrar no tatami (4) vestindo unicamente o dogi quando foi parado pelo O Sensei que lhe perguntou: “Onde está o seu hakama? O que o faz pensar que pode receber os ensinamentos do seu professor vestindo nada mais do que a sua roupa interior? Não tem sentido da conveniência? Obviamente que lhe falta a necessária atitude e etiqueta de um praticante do budo (5). Vá sentar-se e fique a observar a aula!”
O hakama, além de ser uma peça de vestuário associado à prática das artes do bushido (6), transporta, também, consigo um código, uma ética de comportamento, simbolizada pelas suas sete pregas (duas atrás e cinco à frente). Cada uma dessas pregas simboliza uma das sete virtudes do budo, que todo o guerreiro samurai deve respeitar, a saber: benevolência; honra e justiça; cortesia e etiqueta; inteligência e sabedoria; sinceridade; lealdade; e piedade.
A sua utilização simboliza as tradições que chegaram até nós, transportadas pelos praticantes, de geração em geração. Não deve, em alguma circunstância, servir como objecto ou acessório de aparato ou de exibição de superioridade. Esse comportamento transformará, segundo Sensei Saotome, o cerimonial com o qual se inicia e se finaliza a aula de aikido uma ofensa à memória e à arte de O Sensei.

(1) "O Sensei" significa "O Grande Professor". No Aikido é uma forma de tratamento reservado exclusivamente ao fundador.
Todos os outros professores, ou mestres, por mais notáveis que sejam ou tenham sido em vida são tratados por "Sensei".
(2) "Dojo", é o local, a escola, onde se pratica artes marciais. 
(3) "Uchi deshi" designa o aluno que vive no dojo ou na residência do seu mestre e lha dá assistência em regime permanente.
(4) "Tatami" numa tradução literal designa uma prancha de palha de arroz muito prensada e cosida, coberta com revestimento de junco macio, que constitui o soalho das casas japonesas. No presente contexto designa a área coberta de "tapetes" sobre a qual se pratica artes marciais.
(5) "Budo" significa à letra "o caminho (filosófico) das artes marciais".
(6) "Bushido" é o código de conduta do samurai ou do guerreiro.


Bibliografia: http://www.aikidofaq.com/misc/hakama.html

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

AIKIDO PARA CRIANÇAS



A idade ideal para o início da prática do Aikido, considera-se por norma ser os seis anos. No entanto, e dada a não uniformidade no desenvolvimento psico-motor da criança, esta é só uma referência que terá de ser verificada caso a caso. As primeiras aulas serão fundamentais para avaliar a coordenação motora do aluno pelo que, se em certos casos uma criança de cinco anos poderá começar a prática, também é verdade que por vezes uma outra de seis não o poderá fazer. Apesar de poder ser uma ajuda no desenvolvimento físico, o Aikido não poderá nunca substituir o trabalho da natureza em cada criança, pelo que um mínimo de maturidade é necessário para uma prática segura.
Sendo o Aikido uma arte-marcial que coloca a sua ênfase na resolução do conflito de maneira segura para os parceiros, a prática do Aikido infantil deverá focar-se em três factores fundamentais: a relação com o seu próprio corpo, com “o outro”, e com o mundo.
A relação com o seu corpo
Através dos movimentos circulares próprios do Aikido, a criança aprenderá a coordenar e controlar melhor os seus movimentos, bem como a descobrir as suas capacidades e limites físicos. Aprenderá a cair e levantar-se em segurança e que a queda é uma oportunidade para começar um movimento de novo. Aperceber-se-á do corpo de uma forma diferente e aprenderá a usá-lo de novas maneiras.
A relação com o outro
Os alunos perceberão, a par da sua, o valor da integridade física do parceiro de prática. Perceberão que um ataque, no Aikido, não é mais que uma oferta que alguém nos faz para podermos evoluir. Os alunos mais velhos serão encorajados a “olhar pelos mais novos” (não substituindo evidentemente a atenção do professor), e todos eles aprenderão a dosear o seu esforço em função do colega diante de si.
A relação com o mundo
Tentar-se-á transmitir à criança noções como a de que cada um tem o seu lugar no tapete e este é independente da força física, coragem ou destreza, que cair ou ser controlado não é uma derrota, que todos têm algo a ensinar ou aprender.
Para tudo isto que acabo de descrever, o Aikido tem um curriculum próprio, que é adaptado à idade dos praticantes. A sua base é comum ao dos adultos, mas a este são acrescentados exercícios específicos para a idade e retirados os movimentos de luxação ou que constituem esforço demasiado para as articulações, ainda em desenvolvimento nas crianças.